8 de maio de 2009

A Postura dos Escuteiros na Celebração da Eucaristia

Na sequência da publicação de um parecer do Assistente Nacional do CNE, Padre Manuel da Fonte, permito-me fazer também algumas considerações e reflexões como contributo para a definição de um critério.

1 - Escutismo, espírito militar, militarização e militarismo

BP foi um militar brilhante. Distinto no espírito e nobre na acção, com um profundo sentido de serviço e consciente da sua missão. Homem de ideal e de carácter. Ao fundar o Escutismo, não abdicando de nenhuma das suas qualidades nem pondo em causa nenhum dos valores em que acreditava, soube transpor-se da vida militar para esta nova realidade que é o escutismo. Ele teve a preocupação expressa de não militarizar os Escuteiros, isto é: não lhe deu organização nem estrutura militar. O Escutismo não tem a mesma finalidade que o exército. Hoje continua a não ter sentido a militarização do Escutismo. Mas, se BP nunca quis que os escuteiros fossem militarizados, muito menos usou de militarismo. Ele nunca foi militarista na vida militar e, muito menos no Escutismo. O militarismo é uma deturpação, é a negação do espírito militar. É a inversão do verdadeiro sentido dos valores e das virtudes militares. O militarismo é um cancro na vida militar, será ainda muito pior no escutismo.

2 - Critério fundamental de postura na celebração eucarística

O grande e único critério de postura na celebração da Eucaristia é aquele que a Igreja determina para os seus fiéis. Toda a simbologia, gestos ou rituais específicos de qualquer movimento ou organização devem adaptar-se e enquadrar-se de modo que não alterem nem deturpem o sentido da liturgia. Os nºs 20, 21 e 22 da Instrução Geral do Missal Romano referem-se especificamente aos gestos e atitudes corporais a ter durante a celebração.

3 - A postura dos militares na celebração da Eucaristia

Creio que por desconhecimento, tem havido alguma confusão em relação à realidade militar. De facto a vida militar é rica e variada em gestos e rituais específicos no seu dia a dia. Mas é importante saber que gestos os militares “transportam” para a celebração da Eucaristia e como o fazem. Passo a citar algumas das orientações aprovadas oficialmente pela Autoridade Eclesiástica para a celebração da missa com solenidade especial em contexto militar:
1 – A celebração da Eucaristia é, por si mesma, um acto litúrgico de tão grande valor que qualquer solenidade externa deve considerar-se sempre como elemento acidental.
2 – De entre os elementos tipicamente militares que podem entrar na solenização da celebração temos a guarda de honra ao altar e o terno de clarins ou fanfarra.
3 – Somente os militares que integram a força que executa as acções referidas no número anterior adoptam a postura militar correspondente a cada um dos momentos próprios da sequência da execução das mesmas.
4 – Os fiéis militares que participam na celebração eucarística, quer em templos ou fora destes, devem tomar as atitudes recomendadas pelas regras litúrgicas em vigor.
5 – Os militares que participam na celebração nunca estarão sob formatura. Se for necessário, em celebrações eucarísticas realizadas fora dos templos e com grande participação, os militares podem estar ordenados à maneira de formatura. Mas, mesmo nesta situação, devem seguir as atitudes litúrgicas normais. Creio que é muito claro o que está escrito e dispensa qualquer comentário.

4 - A postura dos escuteiros

Parece-me que a grande questão que se tem levantado entre os escuteiros, e na qual não tem havido uniformidade, diz respeito ao momento da consagração. Creio que em relação a este momento é difícil de definir de um modo taxativo uma forma única. Talvez possa haver um critério de alguma uniformidade, que não deve ir além do que é dito na Instrução Geral do Missal Romano. A diversidade das situações em que é celebrada a Eucaristia com os escuteiros, e a diversidade de hábitos e ritmos das comunidades a que pertencem ou onde os mesmos estão integrados, é que devem determinar a melhor postura. Tendo no entanto presente que deve haver uniformidade entre todos no decorrer da celebração. Penso que o CNE não precisa de um cerimonial especial para além do que já está previsto. Talvez se possam coligir alguns elementos para que se possa lembrar e recomendar qual deve ser a postura dos escuteiros quando participam uniformizados nas celebrações litúrgicas.


O Assistente do Núcleo Oeste - Região de Lisboa: Padre Joaquim da Nazaré

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