3 de março de 2009

2º encontro do Cenáculo Nacional - 27, 28 de Fevereiro e 1 de Março de 2009


O Cenáculo é um fórum para caminheiros/companheiros, feito por caminheiros/companheiros. Tem como principal intuito a discussão de temas relacionados com várias problemáticas escutistas de forma a encontrar diferentes soluções para as situações que se nos vão apresentando ou que ainda nos poderão ser a vir apresentadas.

Em Cenáculo Regional, onde deveria estar presente o todo da IVª secção de cada região, são então escolhidos aqueles que melhor se adequam a uma representação condigna dos nossos Caminheiros. Esses depois são chamados a participar dos 4 encontros organizados pela EP (Equipa Projecto) Nacional, onde deverão expor a sua opinião em relação às temáticas debatidas, mas principalmente, expor a realidade da sua região.

No Cenáculo Regional do ano passado eu fui uma das chamadas a dar a cara pela região. Assim sendo, participei já do Encontro Aberto e agora do 2º Encontro. Não pude participar do 1º por se realizar no extremo mais a sul do país.

O 2º encontro do Cenáculo Nacional teve lugar na bela cidade de Braga, mais propriamente no Patronato da Nossa Sra. Da Torre. Teve início na sexta-feira por volta da uma da manhã, depois dos tradicionais jogos de quebra-gelo em que pudemos ficar a conhecer a nossa equipa de trabalho. A minha foi a Tirano. A abertura da actividade fez-se com uma dinâmica muito gira, que envolvia danças e um simples pedido de que sorríssemos…

O início dos trabalhos fez-se no sábado, quando nos foi dado a conhecer mais pormenorizadamente o tema do cenáculo: “CNE que futuro?”. Tema complicado este, como viríamos depois a perceber. De manhã assistimos a uma palestra dada por dois dirigentes da Junta Central, sujeita à temática: Educação formal, educação informal e educação não formal. No fundo, falámos do escutismo como uma escola de vida, como um meio de educação não formal, que actua como complemento à educação formal (aquilo que aprendemos nas escolas). Posto isto, e ainda na parte da manhã, dividimo-nos em novos grupos de trabalho, que foram: Escola de Vida, Sociedade e Natureza. Com estas equipas saímos à rua para fazer diferentes inquéritos à população. O que se queria averiguar com estes inquéritos era a imagem que o mundo exterior tem de nós enquanto associação escutista. Não achei de grande interesse esta actividade, uma vez que cada inquérito tinha apenas três perguntinhas, o que me parece insuficiente para se tirar alguma conclusão; foi um inquérito feito por nós escuteiros, o que não permite às pessoas serem realmente sinceras devido à “pressão” exercida pela nossa simples presença; e foi feito em Braga, cidade que tem uma grande história de escutismo e em que é normalíssimo que a população tenha uma imagem positiva dos escuteiros. Terminados os inquéritos reunimos com as nossas equipas de trabalho e debatemos os nossos resultados. Chegámos a conclusões um bocado básicas: as pessoas com as quais conseguimos falar fizeram, regra geral, uma apreciação positiva dos escuteiros, aquelas que fugiam de nós depreendemos que fariam uma apreciação menos positiva.

Da parte da tarde assistimos a uma palestra subordinada ao tema Fé. Não concordei com algumas das ideias da dirigente, nomeadamente porque sou de opinião de que a Igreja deve evoluir, e não ficar “agarrada” a (pre)conceitos criados por Ela e que nos dias de hoje já não fazem grande sentido. Achei que esta temática poderia ser muito mais bem abordada se tivesse sido mais virada para a Espiritualidade do que propriamente para a Fé Cristã.

Findo isto, reunimos a Equipa Tirano e debatemos acerca de tudo o que foi falado durante o dia: O Escutismo como escola de educação não formal, A Imagem que a população tem do escuteiro, Os Valores e a Missão do Escutismo, A nossa Fé… Após este debate foi feita, por cada equipa, uma exposição de 5 minutos acerca das conclusões retiradas.

À noite pintámos uma tela com a visão que nós temos do futuro, preparámos o Fogo de Conselho, tivemos mais uma dinâmica e após isto apresentámos as nossas peças.

Foi um dia muito cheio e deitámo-nos tarde e a más horas. No dia seguinte a alvorada foi às 7h, o que comprometeu um bocado a nossa capacidade de criar propostas para o futuro do CNE. Mas antes disso ainda tivemos outra palestra, dada por um dirigente da Equipa de Estratégia, sujeita ao tema: Visão. Explicou-nos que isto de estarmos a debater o futuro do CNE começou em 2008, com o fórum – CNE, que futuro?, que agora em 2009 deveríamos estar a debater esta temática a nível regional (com fóruns, seminários e até nas actividades já existentes como o Indaba e o Conselho Regional), e que em 2010 deveríamos reunir novamente a nível nacional para averiguarmos as conclusões que foram retiradas. Explicou-nos que até 2010 ainda tínhamos tempo de formar a nossa Visão acerca do futuro do CNE. Foi interessante.

Reunimos novamente, para criar as tais propostas de melhoria do nosso movimento, o que se revelou ser uma tarefa difícil. As apresentações de todas as equipas foram, de forma geral, desprovidas de projectos concretos. Não é fácil definir em uma hora o que é que se pode fazer para melhorar a nossa associação! Na minha equipa chegámos a algumas conclusões, que também não foram muito brilhantes. Concluímos que o CNE está a funcionar bem, ou pelo menos é isso que transparece, pois a nível internacional o nosso escutismo é reconhecido como sendo de top. O nosso problema está mais virado para o reconhecimento junto da população portuguesa. Concluímos que isto se resolveria se cada escuteiro fosse exemplo, algo impossível de alcançar uma vez que há sempre umas “ovelhas negras” que com pequenos actos conseguem denegrir o nome da associação. Propostas concretas não arranjámos. Concluímos que a nossa apresentação poderia ser melhorada (mas puramente no aspecto exterior) se o fardamento fosse mais barato. Propusémos ainda que o CNE estabelecesse algumas parcerias com algumas empresas ou mesmo marcas, de forma a termos algum desconto na compra de material necessário à vida escutista. Para isso seria criado um novo cartão de escuteiro, que nos conferiria as devidas benesses. No fundo, o que concluímos foi que o nosso movimento é um bocado elitista (só para ricos), e que sai caro, muito caro, ser escuteiro. Se calhar por isso é que não temos o melhor da população jovem nos escuteiros (mas isto digo eu).

Terminada a exposição das propostas prosseguiu-se com o encerramento da actividade. Marcámos o nosso caminho até Tessalónica, deixámos a nossa pegada na areia e ainda trouxemos connosco um bocadinho de S. Paulo.

No geral faço uma apreciação positiva deste encontro, a EP esteve bem de uma forma geral. O tema do encontro é que não acho que seja algo para ser tratado num dia, ou mesmo resumido a uma ou duas horas de debate. Não nascem grandes ideias de duas horas de debate. Mas suponho que o tema tenha sido proposto pela Junta Central. Além disso, não compreendo o porquê de estarmos a debater o futuro do CNE quando estamos a tentar mudar grande parte das nossas metodologias (rap). Se estamos em altura de mudança não me parece que seja este o tempo de estarmos preocupados com o futuro. Com o futuro devemos preocupar-nos quando estamos estagnados.

Agora é dedicar-me ao Cenáculo Regional.=)


Raquel Sequeira

2 comentários:

Eduardo Bicacro disse...

Concordo com quase tudo o que disseste. Para quê tantos temas em dois dias? Um desses temas bem explorado daria para semanas de debate!

Unknown disse...

Pois, aquilo foi tipo maratona, mas pronto, já costuma ser assim... E, como também costuma acontecer nos cenaculos regionais, quando se chega à hora de debater os temas,a maior parte das pessoas nao tem conhecimentos (/capacidades) para os debater...